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No HackTown, Jesper Rhode reflete sobre IA e o futuro da economia
O avanço da inteligência artificial (IA) redesenha o panorama econômico global, levantando questões cruciais sobre o futuro do trabalho e a relevância humana. A tecnologia, que se manifesta em incontáveis ferramentas e funções, suscita discussões. Jesper Rhode, fundador da Casa Dinamarca e mentor na Hyper Island, oferece uma perspectiva sobre este cenário. Segundo ele, o impacto da IA pode ser significativo, sendo a reflexão sobre este tema algo fundamental.
O Impacto econômico da inteligência artificial segundo a The Economist
Jesper Rhode destaca que a revista The Economist tem dedicado atenção ao impacto da inteligência artificial na economia global, reconhecendo sua influência expressiva. “A primeira vez que a gente vê, por exemplo, um corpo… que de fato admite que o impacto da intuição artificial teve ser grande”, afirma ele, ao mencionar um artigo da publicação. A reflexão proposta por esses textos vai além de um simples debate sobre a substituição de empregos. Ela se aprofunda na transformação das indústrias, na necessidade de novas habilidades e no papel dos governos e das empresas na adaptação a este novo cenário.
A análise da The Economist sugere que a IA não é apenas mais uma ferramenta, mas uma força disruptiva que pode impulsionar o crescimento econômico e transformar a vida profissional. Ao mesmo tempo, a revista alerta para os desafios que a tecnologia apresenta, como a necessidade de polÃticas de inovação mais ágeis e a criação de salvaguardas para proteger a privacidade e a segurança dos dados. O foco não é apenas na automação, mas na redefinição das relações entre humanos e máquinas, o que exige um novo tipo de pensamento por parte dos profissionais.
Consciência como Ãlusão e o sentir do mundo, de Tor Nørretranders
Jesper Rhode incorpora o pensamento do autor dinamarquês Tor Nørretranders, especialmente a obra The User Illusion. O livro apresenta a ideia de que a consciência humana é uma espécie de “ilusão de usuário”, uma metáfora que se inspira na forma como interagimos com computadores. Na visão de Nørretranders, a mente consciente processa apenas uma quantidade mÃnima de informações (cerca de 40 a 60 bits por segundo), enquanto o cérebro recebe e processa milhões de bits a partir dos sentidos. Grande parte da nossa “inteligência” e das nossas ações são resultado de processos inconscientes.
Rhode traduz essa visão para o contexto atual, afirmando que a verdadeira inteligência humana não reside somente no intelecto, mas na capacidade de processar e filtrar a vasta quantidade de informações sensoriais que recebemos. “Se existe algo que nos permite a inteligência, é assim que a gente consegue lutar pela inteligência”, diz ele. A consciência atua como um filtro, reduzindo o volume de dados para que possamos tomar decisões. Essa habilidade, inata e treinada desde o nascimento, é o que realmente diferencia o ser humano da máquina.
A tecnologia, ao tentar replicar a inteligência, foca no processamento de informações, mas não tem a capacidade de “sentir o mundo” de forma orgânica e complexa, como faz um ser humano. O trabalho de Nørretranders nos convida a valorizar a nossa essência biológica, a “inteligência do corpo”, que nos permite interagir com o ambiente de uma maneira única. É esta “inteligência do corpo”, que filtra a realidade e gera a nossa consciência, que deve ser cultivada para que possamos nos manter relevantes em um mundo cada vez mais tecnológico.
O receio sobre o impacto da IA não é infundado. A preocupação é real, especialmente em relação à subsistência profissional. Historicamente, o medo, uma função de defesa, serviu para proteger contra perigos fÃsicos. Atualmente, ele se manifesta de forma diferente. É um medo de perder conhecimento, status social, renda ou o trabalho em si. A preocupação é tão grande que se confunde com um receio existencial, como se a ausência de trabalho pudesse levar à morte. Jesper observa que quanto mais o mundo se torna virtual, mais os medos se tornam imateriais, dificultando sua gestão.
Recentemente, a noção de que o programador seria a profissão do futuro foi abalada. A IA agora desempenha um papel na programação, levando as pessoas a questionarem qual será a próxima opção de trabalho. A invisibilidade do indivÃduo em um mundo dominado por máquinas é um receio válido. Rhode argumenta que é preciso observar as evidências da mudança de comportamento humano.
As pessoas estão alterando a maneira como buscam informações. A necessidade de verificar fontes e organizar dados está cada vez maior. Em muitos trabalhos, os profissionais gastam muito tempo localizando informações, enquanto o processamento fica em segundo plano.
O mentor defende a necessidade de um pensamento crÃtico para compreender por que estas mudanças estão ocorrendo. A falta de tempo ou a sensação de sobrecarga podem levar à desistência da reflexão. Ferramentas de IA generativas, por exemplo, exigem contexto para fornecer respostas úteis. Sem a devida orientação, o risco de obter resultados imprecisos aumenta.
Um exemplo citado por Rhode é o uso da IA para solucionar problemas técnicos. Sem especificar a questão, a ferramenta pode sobrepor soluções de outros casos, resultando em respostas inadequadas. A consciência sobre a natureza da ferramenta é essencial.
A IA melhora a capacidade de escrita daqueles com nÃvel de habilidade mais baixo, mas isso cria um problema. Uma uniformização dos textos gera uma normalidade com menos divergência, menos inspiração. Para evitar a homogeneização, é necessário entender a tecnologia como uma ferramenta.
A história mostra que a humanidade sempre se desenvolveu a partir da invenção de ferramentas. A questão não é a existência da ferramenta, mas como ela é usada. No inÃcio do século XX, tecelões temiam que a máquina de tear os deixasse sem emprego. E a história se repete, com a IA assumindo o papel da máquina de tear.
Rhode reflete sobre a inclusão de novas tecnologias. Ele afirma que o desafio não é ter novas tecnologias, mas saber como lidar com elas. O ritmo acelerado da informação e a automatização de tarefas rotineiras podem saturar o cérebro, que não foi projetado para esse nÃvel de atividade contÃnua. É preciso aprender a pausar, a “deixar de fazer coisas”, um conceito que pode parecer contraintuitivo, mas é vital. O medo de perder o ofÃcio, a maneira como lidamos com nossos pensamentos e nossa identidade, está conectado a esta necessidade de realizar.
Jesper sugere que a tecnologia não é um inimigo. Saber escolher o que não aprender, o que não fazer, é uma habilidade que já se pratica há muito tempo. A especialização profissional faz com que muitas informações e ferramentas sejam terceirizadas para outros. Esta escolha, feita para outras pessoas, parece menos assustadora. Contudo, quando a IA se torna o agente da terceirização, o medo surge, pois a máquina não é vista como um igual.
Rhode compara a situação atual com a proibição do uso de calculadoras na escola. Hoje, a maioria das escolas já não exige cálculos manuais complexos, pois a tecnologia os realiza. A questão, no entanto, é saber o que é importante aprender. A habilidade de pensar criticamente, de raciocinar com base em informações e de verificar a veracidade dos dados é mais importante do que nunca. É esta capacidade de análise que a IA não substitui. Depender de uma ferramenta que apresenta fatos sem a possibilidade de verificação torna o indivÃduo obsoleto.
A tecnologia é uma extensão do nosso corpo. Nossos sentidos alimentam a mente, mas o cérebro reduz 11 milhões de bits de informação por segundo para cerca de 40 ou 60 para que a consciência possa processá-los. Essa capacidade de filtragem é a essência da inteligência humana. Jesper afirma que a consciência é uma simulação, uma ilusão.
O que percebemos como decisões tomadas conscientemente são, em grande parte, resultados de processos complexos do corpo. A inteligência, então, não é apenas um ato mental. O corpo, os sentidos e a experiência são fundamentais para uma inteligência completa. A prática do “sentir o mundo” é uma maneira de exercitar esta inteligência.
A educação deve focar no desenvolvimento do filtro de percepção. Escolas Waldorf, por exemplo, valorizam o desenvolvimento integral do indivÃduo, preparando-o para viver bem no mundo. Rhode argumenta que é preciso “treinar esse filtro bem” para que possamos nos manter relevantes. A IA deve ser vista como uma ferramenta de apoio, e não como um substituto do pensamento. Para utilizá-la de forma eficaz, é preciso ter ideias próprias e usá-la para aprimorá-las, mantendo sempre o senso crÃtico. A academia e a educação formal ensinam a questionar fontes e a entender a intenção por trás da informação.
Finalmente, a adoção da IA não significa o fim da relevância humana. Rhode utiliza o exemplo do xadrez. Em 1997, o Deep Blue, um computador, venceu o campeão mundial Garry Kasparov. Muitas pessoas pensaram que este era o fim do jogo. Na verdade, a popularidade do xadrez nunca esteve tão alta. O fato de as máquinas realizarem tarefas melhor do que os humanos não significa que estas atividades se tornem irrelevantes. Pelo contrário, o interesse e a discussão sobre o tema aumentam. A IA é uma fronteira derrubada. Cabe aos indivÃduos se adaptarem, aprofundarem suas habilidades e encontrarem novas formas de relevância.
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O post No HackTown, Jesper Rhode reflete sobre IA e o futuro da economia aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Tiago Souza
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