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Solo founders ganham espaço e mudam o jogo no ecossistema de startups
*Por Ana Paula Debiazi
O perfil dos fundadores de startups está passando por uma transformação silenciosa, mas significativa. Dados da plataforma Carta, nos Estados Unidos, apontam que o número de empresas fundadas por empreendedores solo – e que optam por crescer sem depender de venture capital (VC) – tem aumentado de forma consistente. Enquanto o crescimento médio anual era de 2% até 2023, somente em 2024 o número saltou 6%, evidenciando a mudança de mentalidade. O movimento, que se estende também ao Brasil, está influenciando diretamente as estratégias de investimento e desafiando antigas crenças do ecossistema de inovação.
A figura do jovem recém-formado com uma ideia disruptiva começa a dividir espaço com profissionais experientes que decidiram empreender após anos no mercado corporativo. Segundo o relatório Founders Overview 2024, da ACE Ventures em parceria com o Sebrae Startups, 44,5% dos fundadores brasileiros vêm justamente desse perfil: ex-executivos ou empresários de segunda jornada. Ainda que não existam números consolidados sobre empreendedores solo no país, o avanço da modalidade reflete a tendência global.
Quais são os benefícios de ser empreendedor solo?
Ao optarem por seguir sozinhos, esses empreendedores assumem riscos consideráveis, como a sobrecarga de responsabilidades e a ausência de uma rede imediata de apoio nas decisões. Por outro lado, ganham agilidade, controle total sobre a visão e estratégias da empresa, e maior autonomia para pivotar o negócio conforme as demandas do mercado. O uso de tecnologias como plataformas no-code/low-code, ferramentas de automação e inteligência artificial tem sido um grande aliado nesse cenário, permitindo que indivíduos multipliquem a capacidade produtiva sem depender de grandes equipes.
Investidores repensando seus critérios
Historicamente, investidores-anjo e fundos de venture capital evitavam aportar recursos em startups lideradas por fundador único, sob o argumento de que a diversidade de habilidades e o suporte emocional mútuo entre sócios seriam essenciais para a resiliência do negócio. Esse paradigma, no entanto, está sendo gradualmente reavaliado.
Com o aumento de solo founders, o foco passa a ser a capacidade individual do empreendedor: sua visão de longo prazo, resiliência, perfil de aprendizado e habilidade de execução. O chamado smart money – aporte que une capital e suporte estratégico – torna-se ainda mais valioso. Fundadores que optam pelo crescimento em bootstrap (sem capital externo) também têm se mostrado mais abertos a incluir venture builders e investidores-anjo no captable, buscando apoio na gestão e operação em troca de equity.
O futuro do investimento em startups tende a priorizar uma análise mais criteriosa do perfil dos fundadores, indo além do tamanho da equipe para considerar atributos como qualificação individual, capacidade de adaptação, resiliência e visão estratégica. Investidores que conseguirem reconhecer o potencial dos solo founders estarão mais bem posicionados para apoiar empreendimentos inovadores e obter retornos expressivos em um mercado dinâmico e em constante evolução. O desafio, ou a oportunidade, está em ajustar os critérios de avaliação e oferecer o suporte necessário para que o empreendedor solo desenvolva negócios sólidos e escaláveis.
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