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Agentes de IA no WhatsApp impulsionam crescimento da Lugui e aceleram rotina imobiliária
A automação de processos imobiliários ganhou novo impulso com a atuação da Lugui, empresa que desenvolve agentes de inteligência artificial integrados ao WhatsApp. Fundada no final de 2024, a startup usa tecnologia conversacional para reduzir etapas manuais em rotinas de corretores e imobiliárias. A operação, que começou a ser testada em junho de 2025, multiplicou por quinze o volume de consultas mensais e projeta alcançar R$ 1 milhão de faturamento anualizado até dezembro do próximo ano.
A proposta surgiu após o período sabático de Thomaz Guz, ex-executivo da Nomah e Loft, que se dedicou ao estudo de aplicações práticas de IA generativa. Durante esse processo, ele conheceu João Campista, ex-Itaú e Akad, no Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ambos identificaram que profissionais do setor perdiam até 70% do tempo com tarefas administrativas e decidiram construir uma ferramenta capaz de atuar de forma automatizada em conversas.
O resultado foi um agente que opera diretamente pelo WhatsApp, capaz de realizar análises de inquilinos, emitir certidões e coletar documentos. O funcionamento é simples: o corretor envia um CPF ou CNPJ por texto ou áudio e recebe, em segundos, um relatório completo com informações financeiras, jurídicas e cadastrais. O processo dispensa planilhas, logins e formulários.
Os dados são obtidos por meio de conexões com bases públicas e privadas, incluindo a Serasa, tribunais, cartórios e Receita Federal. Todo o sistema é operado em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com consultas restritas a finalidades de crédito. A infraestrutura é sustentada por grandes modelos de linguagem, como os da Google, Anthropic e OpenAI, mas a diferença central está na camada de integração desenvolvida internamente, que transforma dados brutos em relatórios prontos para uso.
Expansão e estruturação da Lugui
Com a expansão comercial iniciada em julho, a empresa já atende mais de 15 clientes e processa cerca de 1.000 consultas mensais. Hoje, são mais de 50 usuários ativos por dia, com expectativa de ultrapassar 300 até o fim de 2025. A carteira de parceiros inclui imobiliárias como Auxiliadora Predial, Cardinali e Guaíra, que juntas administram mais de 20 mil unidades e movimentam R$ 500 milhões em aluguéis.
Para estruturar a operação, a Lugui captou R$ 1,5 milhão em rodada de investimento-anjo. O aporte contou com participação de executivos de empresas como Microsoft, Nubank e Mercado Livre, além de investidores ligados ao setor imobiliário, entre eles Ernani Assis, da Remax, e Admar Cruz, ex-Casa Mineira e Quinto Andar. A startup também foi selecionada pelo programa AWS Activate, da Amazon Web Services, recebendo US$ 25 mil em créditos de infraestrutura.
Os recursos permitiram aprimorar integrações técnicas e sustentar o crescimento acelerado. Segundo Guz, o objetivo é simplificar a experiência de corretores e locatários. “Nosso foco é eliminar a burocracia e permitir que as pessoas resolvam tudo em uma conversa. A ideia é ter agentes digitais atuando em tarefas operacionais para liberar tempo aos profissionais do setor”, afirma o CEO.
Atualmente, as atividades administrativas consomem cerca de metade do tempo de um corretor. Com a automação, a Lugui estima reduzir essa carga para algo entre 5% e 10%. A tecnologia também tem sido utilizada para estruturar modelos de locação totalmente digitais. Em parceria com a Cardinali, a empresa desenvolve um projeto-piloto que busca criar o primeiro fluxo de locação autônomo operado inteiramente por inteligência artificial.
Além do serviço de análise de inquilinos, novos produtos devem ser lançados ainda em 2025. Um deles é o módulo de coleta automática de documentos, que solicita e organiza arquivos necessários à locação por meio de conversas no aplicativo. Outro recurso em desenvolvimento automatiza a emissão de certidões, reduzindo etapas que antes levavam horas para segundos.
Essas soluções miram um mercado de locações que movimenta mais de R$ 500 bilhões por ano no Brasil, segundo dados de associações do setor. A estratégia da empresa é expandir a base de clientes B2B e consolidar-se como plataforma conversacional padrão para imobiliárias.
Desde o início das operações, a startup tem apostado em um modelo de contratação simplificado. Para começar, o corretor envia uma mensagem no WhatsApp e já pode testar o produto. Essa abordagem, segundo Guz, elimina barreiras de adoção e acelera a implementação das soluções. “Empresas estão começando a entender que seus próximos funcionários digitais não precisam de interfaces complexas. Basta uma conversa”, observa.
O avanço recente também reforça o movimento de adoção de IA em etapas administrativas, e não apenas nas áreas de marketing ou atendimento. A automação de processos de crédito e documentação ainda é pouco explorada por companhias do setor. Com isso, a Lugui tenta ocupar um espaço entre tecnologia de análise e operação imobiliária.
A empresa ainda não atingiu o ponto de equilíbrio financeiro, mas o ritmo de crescimento e a tração comercial indicam um cenário favorável. Segundo seus fundadores, novas rodadas de captação estão sendo avaliadas para sustentar a expansão. O plano é ampliar a rede de parceiros e preparar o produto para uso em escala nacional.
Em pouco mais de quatro meses, a Lugui transformou um protótipo acadêmico em uma solução utilizada por dezenas de corretores. A startup aposta que a combinação de automação, integração e mensageria poderá redefinir a rotina do mercado imobiliário brasileiro nos próximos anos.
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O post Agentes de IA no WhatsApp impulsionam crescimento da Lugui e aceleram rotina imobiliária aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Tiago Souza
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