“O show do HackTown são as pessoas e as conexões que elas criam”, diz João Rubens

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“O show do HackTown são as pessoas e as conexões que elas criam”, diz João Rubens

Santa Rita do Sapucaí–MG recebeu na última semana a 9ª edição do HackTown, evento que se consolidou como um dos principais encontros de inovação e tecnologia da América Latina. Conhecida como “Vale da Eletrônica”, a cidade de 40 mil habitantes é sede de mais de 150 empresas de tecnologia e, durante quatro dias, se transforma em um grande espaço de experimentação e troca de conhecimento.

Nesta edição, foram 15 mil credenciados e cerca de 15 mil visitantes adicionais nas atividades abertas. Mais de 500 empresas participaram, enquanto mil palestrantes nacionais e internacionais apresentaram conteúdos em mais de cem locais espalhados pelo município. Ao todo, a programação contou com 1.200 atividades que cruzam tecnologia, negócios, cultura e impacto social.

A curadoria foi construída ao longo de um mapeamento que percorreu diferentes regiões do Brasil e do mundo. Equipes do festival buscaram referências no norte e nordeste, em cidades como Medellín (Colômbia), Havana (Cuba) e Cuzco (Peru), além de polos acadêmicos como Harvard e MIT, e centros tecnológicos como Xangai, Hong Kong, Aarhus e Billund. A intenção, segundo os organizadores, é trazer perspectivas múltiplas e provocar reflexões adaptadas à realidade brasileira.

Os temas deste ano foram além de inteligência artificial generativa, deepfakes e combate à desinformação até inovação em políticas públicas, GovTech, mobilidade com novos combustíveis, diversidade, equidade, ancestralidade, brasilidade e economia dos criadores. Também há debates sobre mudanças climáticas, energias renováveis, regeneração ambiental e cuidados com saúde física e mental.

Inspirado no modelo do SXSW, o HackTown ocupa praças, bares, cafés, escolas e até residências. Para João Rubens, cofundador e head de parcerias, a proposta é criar interações que não se limitam a painéis formais. “O HackTown funciona como um espaço onde encontros improváveis se tornam naturais. Um cientista pode trocar ideias com um músico, um investidor conversa com um estudante curioso, uma marca consolidada ouve um criador independente. É desse cruzamento de olhares que surgem novas possibilidades”, afirma.

João explica que a organização diferencia os impactos nacional e regional do evento. “Temos um cuidado enorme para que seja cada vez mais colaborativo e menos extrativista. Queremos que a comunidade local participe e se beneficie”, diz. No curto prazo, há ganhos econômicos para comerciantes. “É uma distribuição de renda mais verdadeira para o povo daqui. Estamos falando da padaria da Maria, do restaurante do José. O dinheiro circula diretamente nas mãos dessas pessoas”, observa.

O cofundador destaca que o maior legado vem a longo prazo, com a ampliação das referências culturais e empreendedoras. “O HackTown é como uma chuva. Depois que molha a cidade e vai embora, as árvores crescem. Um dono de hamburgueria, um projeto criativo ou uma startup local passam a beber de fontes que normalmente não teriam acesso no interior”, afirma.

A história de Santa Rita do Sapucaí ajuda a entender esse ecossistema. Há mais de 70 anos, Luzia Rennó Moreira, influenciada por uma palestra no exterior, fundou ali a primeira escola técnica de eletrônica da América Latina. Essa decisão transformou a economia local e atraiu empresas de diferentes países. “Santa Rita já era um solo fértil. Quando o HackTown surge, ele aproveita essa estrutura e essa cultura tecnológica”, comenta Rubens.

O evento também se tornou ponto de encontro de comunidades de inovação. Em 2025, a organização promoveu o “HackTown on the Road”, visitando cidades brasileiras para aproximar ecossistemas locais e apresentar o festival como oportunidade de conexão. “O Brasil é continental. Trazer comunidades de diferentes regiões cria pontes para que soluções de um lugar alcancem quem precisa em outro”, explica Rubens.

Para quem está iniciando uma startup, ele recomenda aproveitar a dimensão informal do evento. “O show do HackTown são as pessoas. As conversas que não estavam no seu planejamento podem gerar oportunidades maiores do que as previstas. É preciso estar aberto a isso”, aconselha.

O cofundador defende um modelo de inovação adaptado ao contexto brasileiro e latino-americano. “Queremos traduzir discussões globais para a realidade do país. Por muito tempo, se acreditou que tudo de fora era melhor. Hoje sabemos que, quando fazemos do nosso jeito, criamos algo mais adequado e, muitas vezes, mais relevante”, afirma.

Rubens não revela detalhes sobre a 10ª edição, prevista para 2026, mas adianta que será especial. “Quando um evento completa dez edições, é porque conseguiu se manter relevante. Podem esperar um grande encontro”, afirma.


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O post “O show do HackTown são as pessoas e as conexões que elas criam”, diz João Rubens aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Tiago Souza



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