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Segurança digital: não é mais sobre tecnologia, é sobre cultura organizacional
*Por Caio Telles
Segundo um levantamento da Mimecast, 95% das falhas de segurança registradas em 2024 foram causadas por erro humano. Esse número expõe uma verdade que muitos ainda ignoram: por mais que invistamos em firewalls, sistemas de detecção e softwares de ponta, a verdadeira fortaleza de uma empresa reside nas pessoas. É por isso que a segurança digital precisa urgentemente deixar de ser vista como uma responsabilidade exclusiva do departamento de TI e se tornar um pilar da cultura organizacional.
Tratar a segurança digital como cultura é entender que ela não depende só de ferramentas, mas também de comportamento e mentalidade. Significa criar um ambiente onde cada colaborador, do estagiário à presidência, compreende que suas atitudes diárias impactam diretamente na proteção dos dados, na continuidade do negócio e na reputação da marca.
Historicamente, a cibersegurança foi relegada à área de tecnologia por ser associada a aparatos técnicos como antivírus e servidores. Essa visão, no entanto, é perigosamente limitada. Ela ignora que a cadeia de segurança é tão forte quanto seu elo mais fraco e, na maioria das vezes, esse elo é humano. Um clique descuidado em um e-mail de phishing, o uso de uma senha fraca ou o compartilhamento indevido de informações são ações que nenhuma tecnologia, por si só, pode impedir completamente. Qualquer colaborador, mesmo sem a menor intenção, pode abrir uma porta para um ataque cibernético devastador.
Quando a segurança não faz parte da cultura, os riscos se multiplicam. Os colaboradores não se sentem parte da solução e, consequentemente, não agem como a primeira linha de defesa que são. Isso deixa a organização vulnerável a ataques de engenharia social, vazamentos de dados e inúmeros outros incidentes que poderiam ser evitados com uma simples mudança de comportamento.
A consolidação da segurança como um valor organizacional começa, invariavelmente, no topo. As lideranças devem dar o exemplo. O CEO e o CISO são peças-chave para comunicar de forma clara e constante a importância estratégica da cibersegurança, garantindo que ela seja integrada aos processos e às decisões de negócio. Quando os líderes demonstram que a segurança é uma prioridade para todos, a mensagem ecoa por toda a empresa.
Para levar esse conceito à prática, é fundamental investir em conscientização contínua. Práticas como treinamentos regulares, simulações realistas de phishing, comunicados com dicas práticas e a criação de canais abertos para tirar dúvidas são essenciais. Além disso, é importante reconhecer e valorizar as boas atitudes dos colaboradores, criando um ciclo de engajamento positivo em vez de um ambiente baseado apenas no medo de cometer erros.
Outro ponto fundamental, é visualizar os retornos financeiros que uma companhia pode conquistar investindo em segurança digital. Segundo o Ponemon Institute, empresas que implementam medidas de cibersegurança conseguem reduzir, em média, 27% dos custos associados a violações de dados.
Em um mundo digitalizado, onde 79% das empresas brasileiras se dizem mais expostas a ataques cibernéticos, de acordo com uma pesquisa realizada pela Grant Thornton e pela Opice Blum Advogados, uma cultura de segurança robusta não é apenas um escudo protetor, mas um diferencial competitivo que constrói resiliência e inspira confiança.
Por fim, é crucial abandonar a ideia de que segurança é um custo. Segurança é investimento. Cada real aplicado em prevenção protege a companhia contra prejuízos financeiros incalculáveis, danos irreparáveis à reputação e a perda de confiança de clientes e parceiros.
*Caio Telles é cofundador da BugHunt, empresa de cibersegurança referência em Bug Bounty, programa de recompensa por identificação de falhas. É formado em Engenharia de Computação e atua na área de segurança há mais de 15 anos, com foco em segmentos como segurança ofensiva, defensiva, conscientização, GRC, entre outros.
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