Para especialistas, Brasil tem tudo para se tornar referĂȘncia mundial em corporate venture capital

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Para especialistas, Brasil tem tudo para se tornar referĂȘncia mundial em corporate venture capital

O Brasil tem capacidade para se tornar — em pouco tempo — uma potĂȘncia mundial em corporate venture capital. A tendĂȘncia Ă© observada por grandes nomes do segmento e foi destacada nesta sexta-feira (22), no South Summit Brazil, no Cais MauĂĄ, em Porto Alegre.

Uma das evidĂȘncias, segundo os especialistas, que mostram o potencial do Brasil nesta indĂșstria estĂĄ em o paĂ­s figurar entre os 10 com maior nĂșmero de investimentos de CVC no mundo, em 2023. É a primeira vez de um paĂ­s latino-americano no ranking mundial de deals da categoria. Apesar de estar no radar de novas oportunidades, ainda hĂĄ muitos espaços a serem explorados para que o protagonismo do Brasil em corporate venture se torne realidade.

Conforme estudo do Global Corporate Venturing Institute, o Brasil tem pouco mais de 80 fundos de corporate venture capital ativos, sendo 75% deles criados nos Ășltimos quatro anos, percentual maior do que a mĂ©dia global (em torno de 40%).

Apesar da presença ainda tĂ­mida de corporaçÔes investindo em startups por aqui, a inovação aberta passa por evidente fase de crescimento, traduzindo-se em uma oportunidade capaz de gerar impactos significativos para empresas tradicionais que precisam se manter relevantes. É tambĂ©m uma atratividade para as startups, que sĂŁo o motor da inovação em diferentes setores de negĂłcios.

Conforme Ivana BeltrĂŁo, Head of Development do GCV para a AmĂ©rica Latina, pensando no cenĂĄrio dos Ășltimos anos, de queda no nĂșmero de investimentos e redução dos valuations, o mercado percebeu que a atividade do CVC Ă© perene, porque as corporaçÔes precisam inovar de forma constante. Segundo ela, a maior parte dos CVCs criados nos Ășltimos trĂȘs anos no Brasil jĂĄ nasceram com recursos e alguma independĂȘncia em relação Ă  corporação, e tendo que entregar resultados financeiros, mas tambĂ©m resultados estratĂ©gicos — fator relevante, que mercados de outros paĂ­ses atĂ© mais antigos em CVC estĂŁo praticando somente agora.

“Se a gente pensar que na largada o Brasil jĂĄ nasce criando suas unidades de CVC com uma estratĂ©gia mais robusta, independente, com garantia de continuidade e entregando valor para a corporação, significa que nos prĂłximos anos temos uma grande chance de estar em destaque nĂŁo sĂł em nĂșmero de deals, mas tambĂ©m entre os maiores investidores em CVC”, destaca.

O mercado favorĂĄvel faz com que empresas de renome façam seus prĂłprios fundos de investimentos, como a Eurofarma, que atualmente investe em startups early stage de saĂșde digital e jĂĄ montou um portfĂłlio de 10 investidas em quatro anos. Outro exemplo interessante e que demonstra otimismo para o segmento no paĂ­s vem de JoĂŁo Pedro Meduna, fundador do L4VB, fundo de R$ 600 milhĂ”es que conta com a B3 como investidor Ășnico.

“Buscamos investir em startups com capacidade de maximizar o retorno de investimentos com base no relacionamento e know-how da B3. JĂĄ temos sete investimentos realizados no Brasil e no exterior e com 20% do capital jĂĄ comprometido. Estamos animados para o que estĂĄ por vir”, sinaliza.

Especialistas compartilham estratégias e conselhos sobre corporate venture capital

Eduardo Sperling, diretor da gestora de capital de risco Ahead Ventures, aponta que para ter sucesso em CVC Ă© preciso haver muito preparo para conseguir extrair valor dessa iniciativa de inovação. “VocĂȘ nĂŁo estĂĄ fazendo um fundo de VC apenas patrocinado pela corporação, mas vocĂȘ tem necessidades especĂ­ficas para que esse projeto tenha sucesso”, afirma.

Conforme o especialista, a primeira grande reflexĂŁo que as corporaçÔes devem fazer Ă© a de entender que ele nĂŁo vai resolver todas as dimensĂ”es dos problemas de inovação da corporação por meio do CVC. “Essa Ă© uma iniciativa que vem junto de outras iniciativas para que a empresa tenha uma janela para o futuro do negĂłcio. E Ă© importante que haja uma autonomia, mas a estratĂ©gia nĂŁo se distancie da lĂłgica da operação. A companhia precisa estar confortĂĄvel com esse tipo de investimento”, afirma.

Outra dica de ouro do executivo Ă© que ao se tornar sĂłcio de uma startup, essa empresa consiga absorver insights que vĂŁo alĂ©m apenas do produto que a startup estĂĄ entregando. “Consiga ter um relacionamento forte e acesso Ă s informaçÔes que nĂŁo teria se nĂŁo fosse sĂłcio da startup. Para ter sĂł o produto, bastava ser cliente”.

Mateus de Abreu, diretor de estratĂ©gias digitais da Randoncorp tambĂ©m compartilhou insights que podem ser Ășteis para quem estĂĄ começando um CVC: o alinhamento de expectativas sobre o negĂłcio Ă© importante, mas talvez mais importante ainda seja como direcionar a cultura da empresa para essa conexĂŁo com o ambiente das startups e investidas.

“NĂŁo queira abrir um programa de relacionamento com startups sĂł porque todo mundo estĂĄ fazendo, alinhe a expectativa com os executivos, esteja bem patrocinado, prepare sua empresa para inovar, porque o CV Ă© um “core” estranho ao negĂłcio. E encontre bons parceiros corporativos, sua empresa nĂŁo precisa se aventurar sozinha nesse processo, porque essa Ă© uma jornada cheia de altos e baixos”, considera.

Um dos investimentos mais bem-sucedidos da Randoncorp Ă© a Motorista PX, que conecta caminhoneiros autĂŽnomos e transportadoras de cargas. A entrada no negĂłcio ajudou a corporação a transformar sua jornada de servilização e encaixar a proposta em mais de uma unidade de negĂłcio com a solução embarcada. “Em 2024 temos expectativa de que 60% do volume de negĂłcios gerados pela PX passem a circular dentro do banco Randon”.

Wana Schulze, head de investimentos e portfĂłlio Wayra e Vivo Ventures, destacou que quando o fundo da companhia se conecta a uma startup, busca identificar se tem alguma sinergia com o negĂłcio: “a gente prefere investir em startups em que a gente consiga acelerar comercialmente”, justifica.

Essa consolidação se då sob duas alavancas: fazer a distribuição do produto, porque a empresa tem canais muito fortes tanto em B2C quanto no B2B; ou uma segunda possibilidade é de a Vivo ser cliente dessa startup.

“Nem sempre o investimento Ă© a melhor forma de ajudar um negĂłcio, e, Ă s vezes, identificamos startups que nĂŁo se encaixam na nossa tese de investimento ou que o retorno nĂŁo vai ser o que a gente espera, mas que pode se tornar um Ăłtimo parceiro para a Vivo”, conta.

Segundo a executiva, nesses casos a startup vai para a Wayra, que desenvolve e fomenta esses negócios entre as startups e a Vivo. Um dos cases mais significativos nessa estratégia vem da Trocafone, startup de compra e revenda de celulares usados, que a Vivo acabou se tornando uma espécie de fornecedora, ajudando a captar telefones usados que podem ser arrumados e revendidos.

Como conquistar os melhores acordos

Stefanie Ng, diretora da Qualcomm Ventures, com mais de 350 startups investidas em todo o mundo, incluindo unicĂłrnios brasileiros como 99 e QuintoAndar, diz acreditar no conceito de “inteligĂȘncia conectada”, indicando que teses relacionadas a internet das coisas, inteligĂȘncia artificial e realidade virtual sĂŁo bons mercados para os corporate venture capital ficarem de olho. “Olhe as estratĂ©gias nĂŁo sĂł do ponto de vista de soluçÔes, mas de retorno financeiro, conhecimento, talentos e de inovação para o negĂłcio ser bom para ambos os parceiros”, explica.

Gustavo Cavenaghi, da Kortex Ventures, que reĂșne Grupo Fleury, Sabin e Bradesco, afirma que a perspectiva de um bom negĂłcio sempre deve gerar resultados nĂŁo sĂł em termos financeiros para o investidor, mas que seja capaz de gerar valor para o empreendedor. “NĂŁo tem outro jeito para conquistar os melhores deals”.


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O post Para especialistas, Brasil tem tudo para se tornar referĂȘncia mundial em corporate venture capital aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Marystela Barbosa



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